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quinta-feira, maio 27, 2010

Infância

”Mesmo sabendo que tudo aquilo ali é uma ilusão e de que na verdade, eu gostaria de estar ali em cima, em casa, (um lugar tão perto e ao mesmo tempo tão longe) sendo eu mesmo. O que me lembra de algumas coisas que eu tenho que contar. Mas façamos um certo suspense, para postar assim, em outra hora.

A hora chegou. Eu lembrei de muitas coisas nesses últimos dias sem postagens, muitas coisas que eu achava que não lembraria mais. Bom, vamos lá.

Na passagem da minha infância pra adolescência, eu passei por uma crise bem ruim. É, mas uma. Hehehe. Tá, a crise se baseava no fato da minha vida de menininho juvenil ter sido muito boa, e que eu não gostaria de largar tudo isso e me tornar um adulto chato. E eu fui crescendo e ficando cada vez mais desesperado, sem saber o que fazer.

A solução me pareceu tão... bizarra que eu fiquei transtornado por um tempo.

Eu percebi que a minha infância não tinha sido boa. Eu notei que na verdade, ela tinha sido uma merda. Uma merdona. E agora eu vou dizer o porquê.

A primeira coisa que me vem na mente, é a do meu tio, que vinha me visitar toda semana e era meio louco, e ele achava divertido me virar de cabeça pra baixo, sempre. E ele resolvia que me soltar era legal, fora os soquinhos e outras idiotisses que logo fizeram com que quando ele chegasse, eu me escondesse embaixo da cama. Foi aí que eu comecei a ser anti-social. O que se espalhou para todos os outros tios e consequentemente para todas as outras pessoas ao redor de mim.


Fora que eu tinha uma bipolaridade incrível, como quando eu comecei a ir na escola, e eu não conversava com ninguém, nem falava, mas em casa eu gostava de aprontar e fazer maldade e atrocidades com os outros e principalmente com a minha irmã. Porque eu tinha ciúmes dela. Extremo. Mas a culpa não era só minha. Todo mundo gostava cada vez mais dela, do que de mim. Pelo fato dela ser quietinha e comportada e eu não.

Foi nessa época que eu criei um ódio profundo pela minha vó e pela minha irmã. Que são coisas que eu acho que nunca vou perder, pois isso ainda está lá, em algum lugar, destro de mim. Eu só aprendi a conviver com isso. E eu apanhava. Pra caralho, dos meus pais, quando eu fazia alguma besteira. Eu me lembro de ser uma criança frustrada, por nunca conseguir aquilo que eu queria, até porque eu não era rico nem nada. Muito pelo contrário.

Então começou a depressão. Que propriamente dita, não era uma tristeza profunda, mas uma ansiedade desgraçada que só era saciada com essa terrível mágoa. Isso que é a depressão. Uma força que te obriga a ficar triste. E fazia muito tempo que eu não chorava. Desde que eu percebi que eu nunca conseguia o que eu queria se eu chorasse. Mas eu não conseguia mais chorar, porque eu achava que estava tudo bem naquela época, mas não estava.

Essa é a parte em que o leitor se choca e se pergunta se vale a pena chegar até o final desse post. Mas como eu falei que ele vai se chocar, ele vai querer ler o próximo parágrafo. Então tá.

Eu precisava desabafar, chorar mais do que eu poderia aguentar. Como eu não contava pra ninguém o que estava acontecendo comigo, toda aquela coisa de depressão e ficar triste estava me deixando maluco. E eu achei a solução mais bizarra que eu consegui. Na hora de dormir, eu costumava imaginar que pessoas próximas de mim tinham morrido. Não só imaginar, mas eu acreditava que aquilo estava realmente acontecendo. E eu me lembro de chorar sobre o travesseiro pensando que todos ao meu redor estavam me deixando. Foram tempos difíceis.

Principalmente porque eu era uma criança cheia de manias. Eu tinha realmente muito medo de escuro e das coisas que eu enxergava ali, como monstros e fantasmas e personagens do filme de terror mais recente que eu tinha visto, e eu acreditava que se eu dormisse, tudo aquilo ia me matar enquanto eu tava desacordado. Chegou numa época em que eu agradecia por acordar vivo de manhã. E então eu inventei algumas técnicas pra fazer acordos com os demônios de noite. A primeira, era o número de minutos em que eu ficava com os braços e os punhos levantados e cerrados sobre o meu peito enquanto eu dormia, equivaliam no mesmo tempo pra eu poder deixar eles abaixados. Incrível.

A segunda coisa que eu fiz era tipo uma seita, onde eu recitava palavras e criava uma barreira protetora de demônios. Era mais ou menos assim: Primeiro eu rezava. “Em nome do pai, do filho e do espírito santo, amém. Obrigado pelo dia de hoje. Em nome do pai, do filho, do espírito santo, amém” Daí vinha a parte legal. “Normal. Sem limite de tempo. 1,2,3.” E eu estalava os dois dedos. A parte do “sem limite de tempo” vem da primeira regra. Estranho, eu sei, mas eu acreditava que aquilo me protegia.

E eu ainda rezo desse jeito, do começo. Mas eu não preciso mais fazer esse ritual. Eu só não sei pra quem que eu to rezando, mas tudo bem. Não tem problema.

Tem mais coisas que eu tenho que contar. Mas esse post ficou grande demais. Então eu conto outra hora. Certo.

9 comentários:

Pffrech disse...

Isso tudo foi muito subjetivo e beirou o incompreensível. Vou supor que a moral de todos os teus problemas atuais seja o fato de que o teu tio te colocava de cabeça pra baixo.

Vini disse...

Ah, é que eu tava pensando nisso tudo nesses últimos dias.

Lucas disse...

Esse foi o post mais triste que eu já li nesse blog... Mas não deixa de ser engraçado.

Vini disse...

Tem outros bem mais tristes, Lucas.

Lucas disse...

Não, nos outros é só viadagem... Mas nesse tu era só uma criança...

Vini disse...

Hahahaha! É mesmo.

Pffrech disse...

Eu nem achei tão triste assim... Pra falar a verdade, eu nem entendi direito.

Vini disse...

Lê de novo. Daí diz o que tu não entendeu, que eu explico detalhadamente aqui.

Vini disse...

Tá, deixa pra lá. \: