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sexta-feira, maio 07, 2010

07/05/10 Ale

É justamente por isso que eu estava esperando. Por um dia em que nada de importante acontecesse e eu pudesse escrever sobre coisas aleatórias, como antes.

A única consideração válida de hoje, é que o meu professor de violão tem um show hoje e eu devo ter aula, amanhã de manhã, cedo. Uma merda, eu sei. Mas é a vida.

Pois então vamos lá. Tudo começou quando eu estava lá pela terceira série. A situação era a seguinte: Vini era integrante de uma turma que anos mais tarde seria povoada pelos chamados "Caras Maus". Um bando de caras que se achavam melhores que todos os outros. E de fato eram, mas não importa. Eu era meio que amigo deles, um conhecido, talvez. Eles não me batiam pelo menos. Anos mais tarde sim. Ok.

Estando nessa turma, não havia ninguém interessante com o qual eu pudesse desenvolver alguma coisa próxima de uma amizade. Era tudo um bando de babacas idiotas e umas minas de cabeça vazia. E continuaram até o final assim por sinal...

Na quarta série, eu mudei de turma. Uma turma mais divertida, mais alegre. Porém, com alguns idiotas também. E foi num dia em uma aula de redação que eu conheci o meu antigo amigo, Ale. Era uma época em que não havia problema em ler as suas redações em voz alta pra toda turma escutar. E ele fez isso. Tratava-se de uma cópia descarada da antiga propaganda do Cartoon Network onde era uma paródia da vida do Johnny Bravo. Ninguém sabendo que era uma cópia, ria descontroladamente. Eu também.

Sabendo então que ele era um cara engraçado, fiz amizade com ele. Não sei como, mas fiz. Meses depois fui na casa dele, a primeira vez que eu fui na casa de um amigo, onde a gente ficou jogando videogame e ele ficou mostrando todas as coisas legais que estavam na casa dele. Eu fiz várias visitas novas àquela casa e tudo o que ele tinha lá, mostrava o quanto a minha vida era medíocre. Sim, eu tinha ciúmes.

Ele era um herói pra mim. O jeito que ele vivia era o jeito que eu aprendi a viver, anos mais tarde. Seja ignorando trabalhos, seja não ligando pra mais nada na vida. E por isso eu agradeço, porque antes de conhecê-lo eu era um garoto besta e protegido pelos pais, coisas que eu nunca perdi, por ainda ser um babaca mimado. Mas um babaca mimado que ligou o foda-se à muito tempo.

Ale era engraçado. Eu ria das piadas dele. E um dia tudo isso acabou, quando ele foi parar em outra turma, e eu só falava com ele nas entradas, recreios e saídas. Ele conheceu novos amigos e de uma hora pra outra resolveu que era divertido tirar sarro dos outros. Implicava com quem era diferente e com quem ele não gostava, como o Humberto ou o Kelvin. E algum tempo depois, com o Vini também.

Ele costumava chegar para o Nicholas, novo amigo da turma dele, e dizer que eu tinha falado algo da mãe dele. Daí vinha o Nicholas na minha direção e começava a me bater, mesmo sabendo que aquilo não era verdade e que eu não tinha dito nada. E um tempo depois o próprio Ale começou a me bater. Mas eu não conseguia abrir os meus olhos para o fato de que ele não era o meu amigo. Eu gostava demais dele pra fazer isso.

E enquanto ele me batia, eu não revidava, com medo de perder aquela "amizade". E não revidar era só mais um motivo para ele me bater mais. E foi indo, aquele falso companheirismo por alguns anos, até que o pai dele foi trabalhar em São Paulo e ele se mudou para o lado da minha casa, no American Garden com a mãe dele. E ele vinha na minha casa todo dia depois da escola e ficava no meu computador me mostrando os jogos dele e tal. Eu já não queria mais ele perto de mim. E foi depois de uma viajem para o Beto Carreiro, com o qual nós fomos com a escola, que ele teve uma crise alérgica e foi para São Paulo com o pai e a mãe dele.

E foram dois anos sem vê-lo. Dois anos de paz. E de vez enquando ele me ligava, mas eu não me importava mais com o que ele dizia. E ele me disse que ia voltar, e ele o fez. Mas ninguém mais dava bola pra ele, todos haviam crescido desde aquela época. Ele continuara o mesmo. Foi excluído do nosso grupo, por não estar presente quando a Cambada foi oficialmente unida. Gravou alguns vídeos como o Vida e Morte de Vini e o V de Viningança e sumiu. Foi para outro grupo, porque tinha repetido de ano, conheceu gente nova. Foi se unir com os maloqueiros da série anterior. Ninguém mais ligava. Ontem eu encontrei ele na rua, e ele parecia diferente de quando eu me lembrava. Tanto que nem o reconheci. Estava mais bronzeado, gordo, alto. Enfim, uma boa vida pra você, meu velho amigo.

Cego. Era o que eu era durante todo esse tempo em que eu convivi com ele, as minhas felicidades, as minhas tristezas, a minha serventia leal àquele que eu achava que era um amigo de verdade. Portanto, assim, encerro esse post com um pedido de desculpas. À todas as pessoas que eu machuquei e humilhei para conseguir a aprovação do Ale. Especialmente à todos os meus amigos. Ao Humberto, que tanto era xingado por ele, e que revelou-se mais forte que qualquer ofensa. Ao Pedro, que todo tempo era chamado de viadinho e que todo mundo sabia que não era, mas achava engraçado chamar assim. Ao Léo, que foi chamado de pedinte e ridicularizado por ter a pele escura. E o Matheus. Que era humilhado por todos por ser gordinho e ter um número de espinhas acima do normal. O Lucas ninguém tirava sarro. Ele era legal demais pra alguém fazer isso.

À essas pessoas um eterno perdão. Que a Cambada seja mais forte que qualquer desentendimento entre nós.

10 comentários:

Pffrech disse...

Tirando por essas desculpas no final, essa postagem foi muito boa mesmo. De verdade.

Sobre o Ale, minha relação com ele era quase o oposto da tua. Eu sempre fui amigo dele, todavia, confesso eu não me importei muito quando ele se mudou nem quando ele voltou. E é engraçado, porque ele nunca chegava a me bater nem nada. Ele incitava o Nicholas contra mim, é claro, mas ele fazia isso com todo mundo, menos com o Lucas, mas nossa realação foi sempre muito harmoniosa, dadas as ressalvas aos períodos aleatórios de tempo onde ele incitava todos a me xingarem por motivos já citados. Em suma, apesar de tudo isso, antes, durante e depois de nossa amizade, ele sempre foi uma nulidade para mim. Devo dizer também que eu já tive esse sentimento de heroísmo, semelhante ao que tu tinha sobre o Ale, projetado no Lucas. Por muito tempo na verdade. Mas a partir do terceiro ano, e agora na faculdade, eu vejo que somos iguais.

Vini disse...

Hehehe... seja como for, ambos são marcos históricos de nossas vidas.

Matheus disse...

Eu também vou ter aula amanhã de manhã, cedo.

Vini disse...

Ah, que ruim.

Pffrech disse...

Bem feito bando de cuzão.

Vini disse...

É, a gente também gosta de ti, Pedro.

Matheus disse...

Eu não.

Pffrech disse...

Eu amo você

Lucas disse...

Uau... Eu poderia ter tirado vantagem disso se eu soubesse...

E Vini, o Ale não "resolveu que era divertido tirar sarro dos outros", ele fazia isso desde sempre... Mas talvez a tua visão idealizada dele não tenha permitido que tu visse isso antes...

Vini disse...

Exato.