"A" Saltado de novo

Eu acho engraçado como a sorte tem passado longe ultimamente.

Eu acordei doente. Gripado, que nem ontem, só que dessa vez pior. Meu olho tava muito vermelho e ainda tá, acredito eu que seja por causa de alguma alergia.

Passei o dia com ele doendo e lá por 14:20 eu saí de casa pra ir na já tradicional visita na casa da Lu. As coisas caminhavam normalmente, exceto que estava chovendo e não havia ninguém nas ruas. Cheguei na parada em frente ao Parque Cinquentenário onde o ônibus demora um pouco para passar e eu tenho mais chance de conseguir pegá-lo. Ao chegar, vi um casal do que parecia ser dois deficientes mentais. Estava sendo um dia bizarro e eu me sentia muito doente.

Minutos passaram e eu atendi o celular. Era a Lu e queria saber se eu já tinha pego o ônibus. Eu respondi que não e que estava esperando, e um rapaz veio e pediu se o ônibus pro Industrial já tinha passado. Eu disse que não, e ele andou mais pra frente na parada. Dei minhas costas pra ele. 

Ia desligar o celular e dizer que já estava chegando, quando sinto um braço envolvendo meu pescoço e algum objeto sendo colocado perto dele. Minha pressão baixou. Ele mandou que eu desligasse o celular e fosse dando o aparelho pra ele. Pedi calma. Ele mandou fazer rápido. Obedeci enquanto olhava pro objeto que ele carregava. Estava escondido por um pedaço de papel. Mandou nós irmos andando

Ele pediu dinheiro e eu só tinha 6 reais. Disse pra ele isso, e ele não acreditou. Disse que queria mais coisas. Eu estava de mochila com o meu netbook dentro, porque ia fazer algumas coisas do trabalho lá na casa da Lu. Retirei meu Iphone falso do bolso. Ele pegou também e parecia mais satisfeito. Tinha óculos escuros no bolso porque meu olho doía muito na claridade. Ele pediu que eu entregasse isso também. Por algum motivo, que eu acredito que seja auto-defesa, eu disse "desculpa" pra ele. Me senti mal por isso.

Finalmente, ele me liberou. Disse que era pra eu pegar o ônibus na próxima parada e ele começou a andar. Disse que era por minha conta e risco. Como ele me soltou, só peguei e saí correndo na direção contrária. Vi o Cidade Nova/Industrial passando. Tarde demais, não tinha mais dinheiro. Saí correndo ao redor do parque e passei por um senhor. Ele me pediu se estava tudo bem, e eu disse que tinha sido assaltado. Ele pediu onde estava o bandido, porque ele tava com a faca dele ali. Eu disse pra deixar pra lá e não se arriscar. Saí correndo desesperado até em casa e avisei minha mãe do que tinha acontecido. Liguei pra Lu, pra avisar que eu estava bem, até porque ela tinha ouvido o início do assalto. Ela veio aqui em casa de carro, daí. Passamos a tarde na minha casa e depois fiquei com ela na parada de ônibus na pinheiro extremamente desconfiado. Fui correndo pra casa.

Perdi dois celulares, óculos escuros que eram do meu pai e seis reais. Ele não viu minha mochila ou se esqueceu. 

Ganhei mais medo de andar nas ruas de Caxias.

Fim.